O mercado de trabalho para programadores, outrora sinónimo de segurança e altos salários, está a passar por uma mudança. Javier Cuervo, fundador da Proportione, empresa de inteligência artificial e desenvolvimento de software sem código, aponta que durante anos se acreditou que os programadores eram imunes ao desemprego e que seus salários continuariam a subir. No entanto, nos Estados Unidos, a procura por programadores está a cair, e essa tendência já começa a sentir-se também na Europa.
De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, prevê-se uma queda de 11% no emprego de programadores entre 2022 e 2032, o que pode significar a perda de cerca de 147,000 empregos. Esta diminuição deve-se principalmente a três fatores: a automação, a crescente adoção de plataformas de desenvolvimento sem código e o avanço da inteligência artificial. Estas tecnologias estão a permitir que tarefas que antes só poderiam ser realizadas por programadores sejam agora executadas por pessoas sem conhecimentos técnicos ou por algoritmos de IA.
O impacto desta tendência tem-se refletido em despedimentos massivos em grandes empresas tecnológicas. A Cisco, por exemplo, anunciou recentemente o despedimento de 4,000 funcionários, e a Intel reduziu 17,500 postos de trabalho. Estes despedimentos não são casos isolados. Em 2024, mais de 126,000 trabalhadores do setor tecnológico perderam os seus empregos nos Estados Unidos, muitos deles programadores e profissionais relacionados, como designers e informáticos de sistemas.
Além disso, esta redução na procura por programadores tem sido acompanhada por uma queda nos salários, especialmente para programadores juniores. Em alguns casos, os seus salários diminuíram até 50%. Estes dados, obtidos da Layoffs.fyi, mostram como um mercado que antes era extremamente competitivo agora enfrenta um excesso de talentos.
Embora esta situação tenha começado nos Estados Unidos, os sinais de alerta já são visíveis na Europa, especialmente em Espanha e Portugal. A Vodafone, uma das grandes empresas tecnológicas na região, anunciou que vai eliminar 1,200 empregos como parte de uma reestruturação, e uma parte significativa desses despedimentos corresponde a funções no setor informático.
Além disso, um relatório da OfferZen indica que 7,5% dos programadores na Europa foram despedidos no último ano. Embora esta cifra seja inferior à dos Estados Unidos, indica que o mercado de trabalho europeu não está isento deste ajuste. As empresas em Portugal estão a adotar uma abordagem mais prudente na contratação, o que está a aumentar a concorrência por vagas disponíveis e a pressionar os salários dos programadores para baixo.
Uma das razões chave por detrás desta mudança é a adoção massiva de plataformas de desenvolvimento sem código. Estas ferramentas permitem que pessoas sem formação técnica criem aplicações e sites de forma rápida e económica. Por exemplo, uma das principais plataformas de comércio eletrónico sem código já atingiu 4,4 milhões de lojas em todo o mundo, enquanto outra plataforma usada para o desenvolvimento de sites alimenta 43% de todas as páginas web a nível global. Esta mudança está a fazer com que muitas empresas já não precisem de programadores para tarefas que anteriormente exigiam habilidades especializadas.
Além disso, a inteligência artificial está a desempenhar um papel fundamental nesta transformação. Ferramentas como o ChatGPT permitem aos utilizadores gerar programas informáticos a partir de simples descrições em linguagem natural, reduzindo drasticamente o tempo e a necessidade de intervenção humana. Programadores assistidos por inteligências artificiais podem concluir tarefas até 56% mais rápido do que aqueles que não utilizam estas ferramentas. Isto não só aumenta a produtividade, como também está a deslocar programadores de tarefas repetitivas e menos criativas.
Esta mudança não está apenas a afetar as grandes empresas, mas também as pequenas e médias empresas que, ao adotar estas tecnologias, estão a reduzir a sua dependência dos programadores tradicionais. Isto está a reorientar o mercado para funções mais estratégicas, onde são valorizadas competências em arquitetura de sistemas e na capacidade de integrar e otimizar soluções baseadas em inteligência artificial.
A Proportione, uma empresa especializada em inteligência artificial e desenvolvimento de software sem código, tem estado a ajudar empresas a adaptarem-se a esta nova realidade, implementando estratégias de transformação digital que tiram o máximo proveito destas inovações tecnológicas num ambiente onde a tecnologia avança a passos largos.